Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares

Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares

                                                     

Jerusalém é um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental. Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem apenas aos 35 anos: dá vontade de lhe bater!” – José Saramago ao entregar o Prêmio Saramago ao melhor romance de 2005.
Devo admitir, Jerusalém mereceu esse prêmio e Tavares conseguiu me conquistar fácil com a sua escrita. Primeiro que, entrando no campo autor – por falar nisso, alguém sabe o que é esse M. no meio do nome do rapaz?? -, Tavares desde novo escrevia todos os dias. Ou seja, embora só tenha publicado em 2004, Jerusalém foi escrito à mão pelo jovem muitos anos antes, assim como outros livros da série.
Sim, esse livro é o terceiro da série O Reino e sim, certeza eu vou correr atrás pra ler os outros três. A tetralogia trata de temas como o mal, a violência e o medo, e me baseando apenas por esse livro, Gonçalo fez um excelente trabalho.
O livro é dividido em 32 capítulos razoavelmente curtos – uma pena, devorei o livro em um fim de semana -, cada um com seções numeradas, sendo cada uma um fragmento do enredo. Cada capítulo tem como título o nome dos personagens que serão o foco no texto.
Sobre a narrativa, aviso aos navegantes, ela é bastante clara, você não se perde na leitura nem fica confuso, mas ela não é nem um pouco cronologicamente linear. Digo isso porque não demora muito pro leitor falar “ué, mas isso era antes daquilo”. De forma que você não vai achar ali um tempo presente que seja mais importante que as ações do passado ou do futuro.
Mas o que achei mais interessante foi a quantidade de personagens principais na história. Apesar de podermos tecer uma teia onde todos os acontecimentos estão interligados e talvez achar um personagem principal, acho meio forçado seguir por esse caminho simplesmente porque CADA personagem tem a sua personalidade explicitada no texto e suas ações são dignas de análise individual do seu comportamento:
Temos na história Mylia, que sofre de esquizofrenia – segundo ela – e de uma insuportável dor no ventre. Mylia não busca mais por tratamento, ela busca um milagre. De outro lado temos Ernst que mal começa o livro e já tá querendo se matar. Theodor Busbeck é um médico bem sucedido que desenvolve uma pesquisa sobre o horror na história da humanidade. Além de Hinnerk que é um ex-militar que bota medo nas crianças do seu bairro.
Nota-se que nenhum dos personagens se resume a isso, além dos personagens que aparecem menos que por si só são dignos de um romance próprio. Sem falar no teor religioso na história, principalmente de Theodor e Mylia – ou você achou que o nome Jerusalém era por acaso?
Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, que seque a minha mão direita”.

Resenha feita por Almir Leandro
http://resenhasdelivros.com/jerusalem-de-goncalo-m-tavares/


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